16/03/2023

A Cólera do século

O pior de nós, pessoas, é sermo-lo, neste tempo desenfreado, 
Fantasmas de ideias que não acreditamos vencer. 
O pior mal da humanidade não é o medo de tentar, 
O que a assombra é o medo de tentar sem conseguir. 
Deixámos de acreditar em possibilidades 
Então, tentamos já com a ideia de desistir assim que possível. 
As escolhas da humanidade são um refúgio às suas próprias ações 
Não somos capazes de gerir a hipótese de nos arremessarem 
A indelicadeza ensurdecedora do verbo falhar na segunda pessoa do singular, 
Então preferimos não dar margem à critica ridícula 
– Mas nem tentaste! 
É assim que a vida nos puxa e nos acorda aos empurrões. 
No exato instante em que caímos na nossa própria pequenez 
E percebemos que não somos nem sabemos nada. 
Por acreditarmos que é mais fácil acreditar que podemos iludir os outros 
do que acreditar nas nossas próprias capacidades. 
Olhamos para o lado na esperança de fugir 
mas a desilusão aparece e só nos inunda. 
Os fantasmas que observamos nos outros, 
(de longe…) 
São os mesmos que nos atormentam e perseguem 
(bem de perto…). 
Mas insistimos continuamente e vivemos na nossa própria sombra, 
à espera de que o sol mude de direção 
e possamos ser a luz sem nos mudarmos. 
Sem acreditarmos.

3 comentários so far

  1. Que poema!!!
    Duro, real, verdadeiro nos nossos dias!

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  2. há que manter a nossa luz e sermos nos próprios, apenas não nós respeitamos uns aos outros.
    http://retromaggie.blogspot.com/

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