08/07/2023

Esse persona


Só isto. Porque é que temos tanto medo de tornar visível o que nos ilumina, o que nos faz querer tanto seguir aquele caminho e não o outro? Porque continuamos a emitir partículas vazias e ajudamos a cultivar a escuridão na sociedade? Somos todos tanto quanto todos. Se somos todos tanto, de formas tão diferentes, porque continuamos todos tão fechados e tão céticos à diferença? E se começássemos a encarar a diferença maioritariamente como algo original, diferenciador e valorativo. Talvez a luz nascesse na sociedade que nos envolve. Porque tudo o que envolve pessoas tem por base mecanismos de feedback positivo – quanto mais se cultivar bons sentimentos, mais estes aumentam e se espalham.

Porque temos continuamente tanto medo da partilha da nossa luz? Vivemos numa sociedade em que este problema habita na maioria das pessoas. O problema não é da sociedade o problema é da forma como as pessoas que a compõem pensam. E porque pensamos desta forma? Afinal de contas do que é que temos medo? E porque é que temos esse medo? A necessidade de pertença, a um grupo, faz-nos sentir integrados, seguros e compreendidos, mas continuamos a ser todos diferentes. É na luz, que não somos capazes de partilhar com o mundo, que habita a nossa individualidade e nos possibilita integrar nos grupos com que nos identificamos sem que nos anulem, porque continuamos todos a ser pessoas diferentes. Porque é que, mesmo sabendo que não existe nenhum problema com isso, muito pelo contrário, continuamos a ter tanto medo das nossas diferenças, das nossas capacidades? Somos seres complexos e com necessidades cada vez mais envoltas de sensações extremas, somos cada vez menos capazes de nos focarmos somente no momento exato em que estamos, achamos que tudo tem de ter um motivo ou razão de ser e vivemos constantemente num loop de procura de respostas a perguntas quase sempre retóricas. E adiamos o que nos faz sentir quem realmente somos pelo medo de não sermos aceites, quando na verdade não se trata de uma opção de escolha, mas de uma obrigação para connosco. Porque afinal de contas temos tanto medo de sermos nós mesmos, se silenciosamente o queremos tanto ser? O que nos impede? O limite e a aceitação é para connosco, não é algo que devemos esperar de outros. Deixamos que o medo se torne o nosso limite quando na verdade não o queremos, nem acreditamos nas decisões que tomamos em função do medo que guardamos e acumulamos com os anos. Vamos criando uma personagem paralela à pessoa que realmente somos, ao ponto que o medo se transforma na realidade que vivemos, mas é meramente uma ilusão mental que nos confunde e tenta afastar-nos de nós mesmos porque se torna um caminho mais confortável e indolor, achamos. É tudo uma ilusão infeliz. Porque é que continuamos a tomar decisões por influência do medo quando não nos fazem felizes? Quando é que vamos passar a criar de acordo com o amor?

E é só isto, esse persona
Porque o amor faz crescer a luz.
(Em cada um de nós)

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