17/11/2019

A dualidade de se ser


Abrandar o tempo devia ser um poder humano tão natural como a capacidade inevitável de pensar a todo o instante. Seria como prolongar o impactante lado da vida e o fútil também não seria excepção. Mas apenas por dentro do nosso olhar como se fosse uma filmagem em câmara lenta gravada no íntimo da nossa alma. O olhar via-se sereno, sem que nada o conseguisse interromper da fixação que imponha em si, mergulhado num mundo paralelo que estimava juntamente com a vivacidade que se estancia do ritmo do quotidiano. Um feito de calmaria, atenção ao pormenor, alegrias que acalmam e dores que ensinam. Enquanto do lado de cá, onde o olhar chega da forma como o conhecemos, apenas nos esperam maratonas que nos fazem perder noção do tempo a passar.

Seria como viver memórias instantâneas e momentâneas, os sentimentos seriam tão intensos que seriamos capazes de os sentir até ao âmago do nosso estômago. Em simultâneo tudo se via e vivia de igual forma, como se nada fosse. Seria como se os sentimentos se transformassem em imagens que passam por flashs. E se dermos conta seriamos mundos com dois mundos paralelos dentro do nosso próprio globo. Se os pensamentos chegassem a ser a matriz física do cérebro como a nossa imaginação é para os nossos olhos, a objetificação dos sentimentos seria a banalização do quotidiano contemporâneo para além do tempo em que se reconheceria como moda. Poder viver a ver com olhos interiores teria tanto de bom como de mau, mas certo é que seríamos pessoas mais tolerantes com o outro.
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