26/12/2019

Si


Viver a aprender um pouco mais sobre quem sou, 
Viver a melhorar-me com cada erro. 
Viver e aceitar que viver é uma mudança constante. 
Viver na mudança porque a vida é uma metamorfose bonita. 

Viver.

17/11/2019

A dualidade de se ser


Abrandar o tempo devia ser um poder humano tão natural como a capacidade inevitável de pensar a todo o instante. Seria como prolongar o impactante lado da vida e o fútil também não seria excepção. Mas apenas por dentro do nosso olhar como se fosse uma filmagem em câmara lenta gravada no íntimo da nossa alma. O olhar via-se sereno, sem que nada o conseguisse interromper da fixação que imponha em si, mergulhado num mundo paralelo que estimava juntamente com a vivacidade que se estancia do ritmo do quotidiano. Um feito de calmaria, atenção ao pormenor, alegrias que acalmam e dores que ensinam. Enquanto do lado de cá, onde o olhar chega da forma como o conhecemos, apenas nos esperam maratonas que nos fazem perder noção do tempo a passar.

Seria como viver memórias instantâneas e momentâneas, os sentimentos seriam tão intensos que seriamos capazes de os sentir até ao âmago do nosso estômago. Em simultâneo tudo se via e vivia de igual forma, como se nada fosse. Seria como se os sentimentos se transformassem em imagens que passam por flashs. E se dermos conta seriamos mundos com dois mundos paralelos dentro do nosso próprio globo. Se os pensamentos chegassem a ser a matriz física do cérebro como a nossa imaginação é para os nossos olhos, a objetificação dos sentimentos seria a banalização do quotidiano contemporâneo para além do tempo em que se reconheceria como moda. Poder viver a ver com olhos interiores teria tanto de bom como de mau, mas certo é que seríamos pessoas mais tolerantes com o outro.

23/06/2019

Ensaios de amor


Existe magia em todo o lado 
e é possível ser vista por quem quiser. 
Só não acontece em todas as pessoas 
ao mesmo tempo. 

É preciso acreditar! 

Não são apenas truques de ilusão, 
como estamos tão habituados que seja. 
Também pode ser real ou físico em simultâneo. 
Palpável ou imaginária, 
o mais importante para a sentir, 
como se fosse um abraço casa 
é ter fé na sua existência 
(seja em alguém a cada segundo 
ou em cada passo que nos cruza). 
E num desses dias o sortudo serás tu ou até eu. 
O dia não é certo mas é certo que ele vem. 

Mas... 
Quando chegares, 
Não me leves a conhecer outros lugares. 
Leva-me a ver a tua casa, 
a conhecer o teu bairro, 
e a visitar a tua família. 
(Ou a recordar para não esquecer). 
Chega-me saber quem eras antes de mim. 
O que vier depois será música de fundo a alegrar os meus dias. 
Porque a tua magia será sempre a tua história.

09/04/2019

Insónias


Insónias são tão chatas como belas, 
tão dolorosas como tempo. 
Vejo-as chegar ao baterem-me à porta 
e suspiro apenas. 

O capricho torna-se novo a cada noite, 
e o tempo vazio torna-se útil à necessidade. 
Não vejo como o negar, 
dormir acalma a alma 
tanto como abolir com a insatisfação instalada. 
E as insónias são o melhor remédio para as minhas preocupações. 

As insónias tornaram-se na rotina mais repetida 
e a minha sanidade mental. 
Vivo delas como se o tempo estivesse para acabar 
porque o mistério da noite clarifica as incertezas que vêm de dia. 

A luz fortifica a pessoa que sou, 
mas a noite alimenta a alma que vivo. 

Sou da noite pelas estrelas e pelas insónias. 
Pela lucidez que me recolhe 
na estranheza que não vê, 
mas que me acolhe como sua filha.

26/03/2019

Apaziguar o ego


Não gosto de funerais, 
não é que a morte me faça espécie, 
muito pelo contrário 
nunca fui de grandes medos. 
Mas se há ocasião que não me move são funerais, 
não é a cerimónia que é descabida 
Ou algo que se possa categorizar, 
por norma são as pessoas 
que me lembram o motivo pelo qual evito ir. 

Há sempre quem chore a falta de alguém, 
quem a sinta e quem a negue. 
Há quem passe de visita 
e deixe flores. 
Mas também há quem queira fazer-se mostrar 
para mais tarde poder cobrar. 
Há quem se destine por respeito à família 
e aos amigos, 
É o que dizem ou será o peso da obrigação a empurrar? 

Enquanto há quem celebre o seu propósito, 
há quem ache que a cerimónia é para os vivos 
para apaziguar o próprio ego. 
Há quem se limite a ver do lado de fora 
enquanto falam da vida que levou 
e muitos nem o nome lhe sabem. 
Há ainda quem tema não ter nada para lembrar amanhã, 
e quem amanhã nem se lembre da sua existência. 

Não gosto de funerais 
porque ir a funerais é um ato de egoísmo. 
As pessoas não vão com o propósito de demonstrar o amor que lhe têm, 
vão reclamar o amor que deixaram de poder receber. 
Se reconhecer fosse a sorte que puderam ter, 
talvez não evitasse ir a funerais.
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